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OPINIÃO: Qual o futuro das nossas crianças?

Em 1925, foi proclamado em Genebra o Dia Internacional da Criança, durante a Conferência Mundial para o Bem-Estar da Criança, sendo celebrado desde então em 1º de junho em vários países. No Brasil, acontece no dia 12 de outubro e, curiosamente, só passou a ser comemorado em 1960, quando a fábrica de brinquedos Estrela fez uma promoção conjunta com a Johnson & Johnson para aumentar suas vendas. Estavam "preocupadíssimos" com as criancinhas. Por coincidência, a data é a mesma do Dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, sendo então um feriado nacional, favorecendo aos familiares um dia de pausa para brincarem com a gurizada. Estranho que um ano antes, em 1959, a ONU havia reconhecido o dia 20 de novembro como o Dia Mundial da Criança.

Enfim, o dia 12 de outubro chegou. Quais as brincadeiras planejaram com eles (as) para essa folga? Ou vamos usar o feriado para dormir até mais tarde e reclamarmos se vier um convite inusitado de um jogo que demora o dia inteiro? Temos paciência e tempo para isso nos dias atuais? Na verdade, não tenho percebido muito divertimento entre pais, mães e outros familiares com seus pequenos. A desculpa é quase sempre que o tempo é curto e temos coisas mais importantes para fazer, como trabalhar para ganhar mais dinheiro, por exemplo. Para as crianças, então, fica a esperança de mais uma data para lucrar presentes e aliviarem a consciência dos seus responsáveis. Para os adultos, poderia ser uma bela oportunidade, além de um custo a mais na carteira enfrentando as lojas de brinquedos, de um dia para refletirmos sobre as políticas públicas para essa população. Os tempos mudaram. Nem recordo de ganhar sequer um brinde nesse dia, apesar de ter nascido depois de 1960.

Tomara ganhar no aniversário e no Natal! Mas lembro dos dedos esfolados por jogar bolitas, das incansáveis correrias no pega-pega, das rodas de ciranda, das cantorias nos banhos de arroio e tantos outros momentos sensacionais. Percebo os miúdos de hoje muito diferentes do que fomos. Natural, se pensarmos em todas as transformações que ocorreram. Quando a minha geração imaginaria um telefone sem fio? E que, além de telefone, esse aparelho fosse utilizado como máquina de fotografia e computador? Aliás, o máximo que acessávamos era uma máquina de escrever. Brincar de escritório e poder digitar as teclas que deixavam as letras uniformes era o máximo da modernidade. Apesar de reconhecer os benefícios do progresso, sugiro que, ao menos nesse dia 12, sentem com seus descendentes e, olho no olho, falem sobre o amor, a solidariedade, o respeito, o carinho e a empatia. Se ele for branco mostre o quanto a cor diferente da dele também é linda.

Se o amiguinho da escola tem sotaque nordestino, explique que ele é de uma região linda do nosso país, onde geralmente, inclusive, queremos passar as nossas férias. Caso perceba alguma coisa diferente da regra dos outros pequenos em seu ambiente de convivência, fale novamente sobre respeito. Repita sobre respeito quantas vezes forem necessárias. Isso, é claro, se quisermos um futuro melhor para nossas crianças. Como diria Toquinho, eles são os herdeiros do futuro e para esse futuro ser feliz, vamos ter que cuidar bem desse país.

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